Custos de construção de habitação nova sobem 3,9 % em Portugal: desafios e impactos no mercado imobiliário
- Redação Mudei e Agora
- 9 de set.
- 3 min de leitura

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que, em julho de 2025, os custos de construção de habitação nova em Portugal registaram uma subida homóloga de 3,9 %. Este crescimento, aparentemente moderado, esconde tendências preocupantes que podem alterar significativamente o rumo do mercado imobiliário português.
Com a procura de habitação a manter-se elevada, mas a oferta a enfrentar constrangimentos, a escalada dos custos de construção torna-se um fator determinante para os preços finais das casas, para os investimentos dos promotores e até para a capacidade de acesso à habitação por parte das famílias portuguesas.
Principais números divulgados pelo INE
Aumento global dos custos de construção: +3,9 % em julho face ao mesmo mês de 2024.
Mão-de-obra: registou uma subida expressiva de 5,4 %, refletindo escassez de profissionais qualificados no setor da construção.
Materiais de construção: cresceram 2,8 %, influenciados pela inflação e pelo encarecimento de matérias-primas como aço, cimento e madeira.
Estes números confirmam que o setor enfrenta pressões simultâneas: por um lado, custos salariais em alta; por outro, preços de materiais ainda acima dos patamares pré-pandemia.
E porque os custos estão a subir?
Escassez de mão-de-obra
Portugal vive um défice estrutural de trabalhadores qualificados na construção civil. Muitos emigraram para outros países da UE em busca de melhores salários, e o setor tem dificuldade em atrair jovens.
Inflação e logística
Apesar de uma certa estabilização em 2025, os preços de matérias-primas continuam influenciados por tensões globais de transporte, energia e logística.
Sustentabilidade e regulamentação
A exigência de certificações como LEED e BREEAM aumentou os custos iniciais. Estas práticas tornam os edifícios mais sustentáveis, mas implicam investimentos adicionais em tecnologia e materiais.
Impactos no mercado imobiliário
Pressão nos preços de venda
Promotores imobiliários já estimam um ajuste entre 5 a 8 % no preço final das casas até ao fim do ano. Este aumento recairá diretamente sobre compradores e investidores.
Dificuldades no acesso à habitação
As famílias portuguesas, já penalizadas por rendimentos médios baixos e esforço financeiro elevado, poderão ver a compra de casa tornar-se ainda menos acessível.
Investidores internacionais
Por outro lado, o aumento dos custos pode não afastar o investimento estrangeiro, especialmente em segmentos premium e turísticos, onde a margem de lucro continua elevada.
Possíveis soluções e respostas
Formação e capacitação
Aposta em programas de formação técnica para trabalhadores da construção civil, atraindo novos profissionais para o setor.
Construção modular e inovação
Adotar construção modular e métodos inovadores pode reduzir custos e prazos.
Apoio governamental
Programas de incentivos fiscais e parcerias público-privadas (PPP) podem acelerar a produção de habitação acessível.
Perspetivas para 2025
A tendência indica que os custos de construção vão manter-se em alta ao longo do ano. Se não houver medidas para mitigar esta pressão, o preço da habitação continuará a subir, afastando a classe média do mercado.
Apesar disso, oportunidades existem: a digitalização da construção, a introdução de novas tecnologias e a cooperação entre Estado e setor privado poderão equilibrar custos e acelerar a oferta de casas.
Conclusão
O aumento de 3,9 % nos custos de construção pode parecer pequeno, mas os seus efeitos são amplos: pressiona preços, agrava a falta de acessibilidade e exige inovação e políticas públicas consistentes. A forma como Portugal vai lidar com este desafio nos próximos anos determinará se o sonho da casa própria
continuará ao alcance da maioria das famílias.
Fonte: INE / Idealista News
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