O setor imobiliário e da construção lideram criação de empresas em Portugal
- Redação Mudei e Agora
- há 4 dias
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Atualizado: há 2 dias

O setor mobiliário e da construção voltaram a assumir um papel central na economia portuguesa em 2025 — não só em termos de preços e volume de transacções, mas também como motor de empreendedorismo. Os registos de constituição de empresas mostram um crescimento notável no número de novas sociedades ligadas ao imobiliário e à construção até Novembro, colocando estes sectores entre os principais geradores de novas iniciativas empresariais no país.
Porquê isto é relevante?
Em primeiro lugar, revela confiança de actores privados — promotores, construtoras, serviços associados, consultoria — na existência de procura futura e numa margem suficiente para investir. Essa criação de empresas traduz-se em efeitos directos no emprego (obras, project management, vendas, marketing imobiliário) e efeitos indirectos nas cadeias de fornecimento (materiais, energia, serviços técnicos). Num momento em que muitas economias europeias respiram com cautela, a dinâmica portuguesa aponta para resiliência e capacidade de absorver investimento.
No entanto, há dois vectores críticos a considerar. O primeiro é o equilíbrio entre oferta e acessibilidade. Mais empresas no sector podem acelerar a oferta de habitação nova e reabilitação — bom para oferta — mas se o foco for predominantemente em produtos de gama alta ou turismo residencial, pode agravar-se a tensão para a habitação acessível. A pressão sobre terrenos urbanos e a requalificação de stock existente exigem políticas urbanas e fiscais bem calibradas para garantir que o crescimento empresarial não ocorra apenas em nichos de alto rendimento.
O segundo vector é o ciclo de crédito e custos. A saúde de novos empreendimentos depende do acesso ao financiamento (hipotecas, crédito às empresas, financiamento de projectos) e da estabilidade dos custos (matérias-primas, custos laborais). Se as taxas de juro se mantiverem contidas e houver confiança no fluxo de compradores / arrendatários, novas empresas terão margem para crescer. Em contrapartida, alterações súbitas no custo do capital podem forçar reequacionamentos de projecto e atrasos.
Para investidores e stakeholders, a principal implicação prática é a oportunidade de diversificação: serviços ligados a eficiência energética, reabilitação urbana, tech proptech (gestão de portfólio, marketplaces) e logística de obra tendem a beneficiar. As autoridades locais e nacionais têm papel decisivo — planeamento urbano, incentivos à construção de habitação acessível, formação profissional para a construção e mecanismos de aceleração de licenciamento podem transformar esse impulso empresarial num ganho social mais amplo.
Conclusão:
O surto de criação de empresas no imobiliário e construção é um sinal positivo de dinamismo, mas só será sustentável se for acompanhado por políticas que garantam oferta diversa, financiamento estável e inclusão social. O sector tem agora uma janela para mostrar que crescimento e equidade são compatíveis — caberá a promotores, investidores e decisores públicos traduzir esse potencial em projectos concretos que melhorem a habitabilidade e o tecido económico local.
Fonte: Idealista — “Imobiliário e Construção lideram criação de empresas” (14 Dez 2025).



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