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Investimento em Imobiliário Comercial Cresce Mais de 60%: O Regresso dos Fundos a Portugal

  • Redação Mudei e Agora
  • há 3 dias
  • 2 min de leitura
loja comercial com seta a direita

O investimento em imobiliário comercial em Portugal registou um crescimento superior a 60% até ao terceiro trimestre de 2025, marcando um claro regresso do capital institucional ao mercado nacional. Depois de um período de maior prudência causado pela subida das taxas de juro, inflação elevada e incerteza macroeconómica, os investidores voltaram a olhar para Portugal como um destino atrativo dentro do contexto europeu.


Este crescimento não é homogéneo em todos os segmentos. O capital tem sido direcionado sobretudo para ativos considerados resilientes, capazes de gerar rendimentos estáveis num contexto de maior seletividade. Entre estes, destacam-se a logística, o retalho alimentar e os escritórios prime.


A logística tem sido um dos grandes vencedores do atual ciclo. A expansão do comércio eletrónico, a reorganização das cadeias de abastecimento e a estratégia europeia de “nearshoring” aumentaram a procura por armazéns modernos, bem localizados e eficientes do ponto de vista energético. Portugal beneficia da sua posição geográfica estratégica e da melhoria das infraestruturas, tornando-se competitivo face a outros mercados do sul da Europa.


O retalho alimentar mantém-se como um segmento defensivo. Supermercados, retail parks e ativos com operadores sólidos continuam a atrair investidores devido à previsibilidade dos fluxos de caixa e à menor exposição a ciclos económicos adversos. Mesmo num cenário de desaceleração do consumo, a procura por bens essenciais sustenta a ocupação e a estabilidade das rendas.


Já o mercado de escritórios atravessa uma fase de transformação. A procura concentra-se em edifícios de elevada qualidade, bem localizados, com forte desempenho energético e preparados para modelos de trabalho híbrido. Ativos obsoletos, mal localizados ou ineficientes enfrentam crescentes dificuldades de captação de investimento, dando origem a uma clara segmentação do mercado.


Um fator transversal a todos os segmentos é a crescente importância dos critérios ESG (Ambiental, Social e Governança). Para muitos fundos internacionais, estes critérios deixaram de ser opcionais e passaram a ser determinantes na decisão de investimento. Edifícios com baixa eficiência energética ou sem planos de adaptação enfrentam risco de desvalorização, fenómeno conhecido como brown discount.


Apesar do crescimento expressivo do investimento, existem riscos a considerar. A maior concorrência por ativos de qualidade tem pressionado os preços e comprimido yields, reduzindo margens futuras. Além disso, a incerteza regulatória, a fiscalidade e a evolução das taxas de juro continuam a ser variáveis críticas para o apetite dos investidores.


Para Portugal, este regresso do investimento institucional representa uma oportunidade estratégica. Pode contribuir para a reabilitação do parque imobiliário, modernização dos ativos e reforço da competitividade do país no contexto europeu. Contudo, exige estabilidade regulatória, previsibilidade fiscal e políticas urbanas coerentes para garantir um crescimento sustentável.


Em síntese, o aumento do investimento em imobiliário comercial é um sinal claro de confiança no mercado português, mas também um alerta: apenas ativos de qualidade, sustentáveis e bem geridos continuarão a captar capital no médio e longo prazo.


Fonte:Vida Imobiliária — Relatórios de investimento imobiliário comercial (Q3/Q4 2025)

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