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Oferta em queda: anúncios de imóveis residenciais recuam 9,1 % no 1.º semestre de 2025

  • Redação Mudei e Agora
  • há 5 dias
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 4 dias

O mercado imobiliário português enfrenta um novo sinal de pressão: uma análise da eXp Portugal, divulgada pelo Diário Imobiliário, revela que o número de anúncios de imóveis residenciais caiu 9,1 % no primeiro semestre de 2025.


Esta quebra confirma um problema estrutural já identificado por especialistas — a escassez de oferta disponível — e vem reforçar o desequilíbrio entre procura e disponibilidade, que tem alimentado o aumento contínuo dos preços da habitação.


Os números da queda

  • Queda nacional: -9,1 % no total de anúncios residenciais.

  • Regiões mais afetadas:

    • Madeira: -12,4 %

    • Setúbal: -12,1 %

    • Coimbra: -11,1 %

    • Porto e Leiria: -10,7 % cada

  • Lisboa: -8 % — menos acentuado, mas significativo dada a dimensão do mercado.

Estes números revelam que a escassez não é apenas localizada em grandes centros urbanos, mas afeta várias regiões do país, incluindo áreas tradicionalmente mais acessíveis.


Porque a oferta está a diminuir?

Custos de construção

Com os custos de construção em alta (como vimos no resumo anterior), muitos promotores adiam projetos ou concentram-se em segmentos de luxo, reduzindo a oferta disponível em gamas médias.

Licenciamento lento

A morosidade nos processos de licenciamento urbanístico trava a entrada de novos projetos no mercado.

Arrendamento de curto prazo

Parte significativa do parque habitacional é canalizado para arrendamento turístico, sobretudo em zonas costeiras e urbanas.

Estratégia de retenção

Alguns proprietários preferem não colocar imóveis no mercado à espera de valorizações adicionais.


Consequências para o mercado imobiliário

Pressão sobre os preços

Com menos oferta, os preços tendem a subir. Dados do INE confirmam que, no primeiro trimestre de 2025, os preços das casas aumentaram 6,6 % face ao trimestre anterior, o ritmo mais alto desde 2007.

Dificuldades no arrendamento

A escassez impacta também o mercado de arrendamento, com subida generalizada das rendas, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Investimento internacional

A redução da oferta não parece afastar investidores estrangeiros, que continuam a ver em Portugal uma oportunidade de valorização, mas agrava o problema para residentes nacionais.


O que pode ser feito?

Acelerar licenciamento

Simplificar e digitalizar os processos de licenciamento para permitir que mais projetos cheguem ao mercado em tempo útil.

Incentivar habitação acessível

Criar programas de apoio fiscal e de crédito direcionados a promotores que invistam em habitação a custos controlados.

Regulação do arrendamento turístico

Rever os limites do alojamento local em zonas de forte pressão urbana, equilibrando turismo e habitação permanente.

Promoção de parcerias

Fomentar parcerias público-privadas (PPP) para construção de habitação acessível, com quotas obrigatórias em novos empreendimentos.


Perspetivas para o segundo semestre de 2025

A tendência de redução de anúncios residenciais pode manter-se, sobretudo se os custos de construção continuarem a subir e se não houver reformas estruturais no licenciamento.

O Governo tem sinalizado novas medidas para aumentar a oferta, incluindo programas de reabilitação urbana e novas linhas de financiamento para habitação acessível. Ainda assim, especialistas alertam que sem execução célere e eficaz, os problemas de acessibilidade habitacional persistirão.


Conclusão

A queda de 9,1 % no número de anúncios residenciais no primeiro semestre de 2025 é um alerta claro: a oferta está cada vez mais escassa, e isso agrava o fosso entre a procura crescente e as oportunidades reais de acesso à habitação.


Sem medidas que estimulem a construção e a reabilitação, e sem regulação eficaz do mercado, os preços continuarão a subir, tornando o sonho da casa própria (ou até do arrendamento estável) cada vez mais distante para muitas famílias portuguesas.


Fonte: Diário Imobiliário / eXp Portugal

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